quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Crónica da Póvoa de São Miguel por Sérgio Lavado

Póvoa de São Miguel. 3/4 fortes de público nas bancadas. Festas em honra do santo padroeiro. Nos cavalos, Luís Rouxinol, Tito Semedo e Marco José. Nas pegas, o Real Grupo de Forcados Amadores de Moura e o Grupo de Forcados Amadores da Póvoa de São Miguel. Nos curros, três Murteira Grave e três Varela Crujo. Os hastados lidados primaram pela diversidade de pelagens, apresentaram-se desiguais de trapío mas regra geral comportaram-se bastante bem. Dos Murteira Grave, os dois primeiros saíram com mais quilos e menos pitons, enquanto que o terceiro se apresentou mais “escorrido de carnes” e mais “cornalón”. Dos Varela Crujo o maior e mais sério foi o ultimo, enquanto que os outros dois se mostraram mais pequenos e com menos cara. Em termos comportamentais destacou-se pela positiva o segundo (de Murteira Grave) e o quarto (de Varela Crujo) do encerro.


O primeiro da ordem de Luís Rouxinol foi um Murteira Grave de pelagem burraco. Nobre e com ritmo mas com falta de agressividade e fundo, perseguiu com codícia as montadas do cavaleiro de Pegões até acabar-se-lhe o gás. Depois começou a procurar o refúgio das trincheiras. Rouxinol não esteve a gosto com ele e não o entendeu por completo. Esteve bem mas não “mexeu” com a afición povoense. Frente ao quarto, um burraco de Varela Crujo, desenhou a melhor lide da tarde! O Varela Crujo ajudou-o do início ao fim. Sem dúvida um excelente exemplar de bravura. Com casta, mobilidade, ritmo e presença. Apenas pecou por se recusar em tomar a iniciativa no desenhar das sortes, de resto, nada mais de negativo se lhe pode apontar. Rouxinol aproveitou-o da melhor forma e animou bastante os tendidos da Póvoa de São Miguel.

Tito Semedo esteve mais ausente. O seu primeiro, um imponente colorado de Murteira Grave, viria a revelar-se também num dos melhores toiros da corrida. Com um imenso poder físico, este Murteira Grave imponha o seu respeito no ruedo galopando com decisão atrás dos cavalos e derrotando alto no desenhar nas reuniões. Frente a ele, Semedo esteve correto mas não chegou a aquecer as bancadas. Houve mais toiro que toureiro. Ante o quinto, um burraco de Varela Crujo que foi de menos a mais, conectou-se mais com a afición da Póvoa de São Miguel mas, ainda assim, provavelmente houvesse matéria-prima para mais...

Fechava o cartel Marco José. Em sorte tocou-lhe um negro de Murteira Grave que se apresentou mais pequeno e com menos poder que os seus irmãos de camada. Apresentou algumas dificuldades mas cumpriu perfeitamente o seu papel. Frente a ele, José começou hesitante e cometendo alguns erros mas terminou com a afición povoense rendida ao seu toureio. Ao cair do pano saiu-lhe um bonito colorado listón de Varela Crujo mais imponente que os seus irmãos. Mas as suas qualidades ficaram-se pelo trapio, em termos comportamentais talvez tenha sido o pior da corrida. Faltou-lhe casta, entrega, fiereza e mobilidade. Jogou sempre à defesa e nunca tomou a iniciativa. Com tal hastado por diante José deu-lhe a lide possível e retirou-se do redondel.

Nas pegas, foi uma tarde onde a gloria e o fracasso andaram sempre lado a lado. Houve excelentes pegas, pegas impossíveis, pegas fáceis, pegas duras, houve de tudo! Pelo RGFA de Moura, Claudio Pereira pegou o primeiro da tarde à primeira tentativa. O terceiro foi pegado por João Cabrita ao terceiro encontro e o quinto por Carlos Sota, numa excelente pega ao segundo intento, depois de dobrar Xavier Cortegano que saiu lesionado. Pelo GFA da Póvoa de São Miguel, pegou Marco Ramalho o segundo da tarde à sexta tentativa, depois de dobrar Rui Reis. O quarto do encerro foi pegado por Ruben Mestre numa extraordinária pega ao primeiro intento. Fechou a tarde André Batista com uma pega fácil ao segundo encontro.